Dores de cabeça, na nuca, exaustão física e mental, apatia, dificuldade em se desligar do trabalho… Esses são sintomas da Síndrome de Burnout, um distúrbio caracterizado pela tensão e estresse causados por jornadas de trabalho desgastantes.
Essa condição está 100% ligada ao trabalho e trajetórias profissionais, e apesar de existir a possibilidade de qualquer pessoa desenvolver Burnout, algumas categorias são mais afetadas por ela, como policiais, professores, profissionais da saúde, assistentes sociais e profissionais de RH. Ou seja, afeta principalmente atividades que exigem interação ou cuidado constante com outras pessoas. Além disso, quem já possui histórico de estresse e ansiedade também têm mais chances de desenvolver a síndrome de Burnout.
Geralmente, a história se repete entre os pacientes que sofrem de burnout: eram pessoas dedicadas ao trabalho, que enxergavam sua função como algo gratificante e motivo de orgulho. Até que o trabalho deixa de ser prazeroso e torna-se uma frustração. Isso pode ocorrer por diversos fatores, como mudança de empresa ou cargo, troca de liderança, perda de identificação com a tarefa exercida, acúmulo de funções e jornadas de trabalho exaustivas.
Vale ressaltar que o esgotamento profissional não é uma doença, mas a síndrome de Burnout pode ser um fator capaz de influenciar a nossa saúde, provocando outras complicações médicas e levando ao surgimento de doenças graves como úlcera, diabetes e colesterol alto.
Atenção aos primeiros sintomas físicos:
Insônia, dores de cabeça, de estômago, na nuca e irritações na pele são os primeiros sintomas físicos do esgotamento, junto com o cansaço frequente. Depois, os sintomas começam a ficar muito parecidos com os da depressão.
Surge a dificuldade de socializar, o isolamento e as mudanças de humor e comportamento. Além de a resistência em se desligar do trabalho, onde a pessoa passa a checar e-mails e mensagens o tempo todo, trabalha aos fins de semana e começa a enxergar necessidades básicas, como dormir e se alimentar bem, como um sacrifício. Nesse período também podem surgir episódios de compulsão, por álcool, comida, drogas e sexo.
A apatia também se faz presente, pois a pessoa deixa de se interessar por coisas que antes gostava, como sair com os amigos e família, consumir entretenimento e cuidar de si. Em muitos casos, o paciente sofre com baixa autoestima e busca aprovação apenas através de seus ganhos e desempenho profissionais.
O mais grave dos sintomas é o colapso físico e mental, a junção de uma exaustão absurda com pensamentos suicidas. Nesse estágio, é urgente que o paciente busque ajuda médica e dê início ao tratamento o quanto antes.
Mas, atenção: nem todos os casos são iguais, e apesar de os sintomas seguirem uma linha agravante, não é possível afirmar que todos os pacientes sigam o mesmo trajeto e sintam as mesmas coisas até o momento do colapso. Portanto, é fundamental que, ao perceber os sintomas, a pessoa procure um médico imediatamente.
Como funciona o tratamento?
A Síndrome de Burnout tem cura, e o tratamento consiste no uso de medicamentos antidepressivos e acompanhamento psicológico. Em alguns casos, pode ter a possibilidade de o paciente se afastar de suas funções por um tempo. Além disso, ele também é orientado a realizar atividades físicas e exercícios de relaxamento com frequência, a fim de minimizar e controlar os sintomas.
Afinal, como evitar o burnout?
Conversar: Pode ser difícil para alguém que está sofrendo de burnout perceber o que está acontecendo, logo, a conversa é o primeiro passo para evitar que essa situação piore. Converse com as pessoas a sua volta, descubra como elas se sentem sobre o trabalho, se precisam de ajuda. Ou se você notar que está com os sintomas, peça conselhos para pessoas queridas e diga como se sente.
Delegar: Está se sentindo sobrecarregado? Cheque a sua equipe e veja se alguém pode te ajudar na execução da tarefa. Lembre-se que delegar algumas funções não faz de você um profissional ruim!
Criar um ritual do sono: Uma boa noite de sono é fundamental para o rendimento do dia a dia. Mesmo que você não consiga seguir uma rotina e dormir sempre no mesmo horário, vale a pena investir em pequenos rituais para manter o seu sono mais tranquilo, como evitar usar o celular pouco antes de dormir, não trabalhar na cama e utilizar sprays e sons para relaxar o ambiente.
Evitar exageros: Dar atenção à saúde e cultivar hábitos saudáveis nunca é demais. Portanto, considere evitar a automedicação e o uso exagerado de algumas substâncias durante os dias de trabalho, como álcool, cafeína e energéticos.
Monitorar as horas de trabalho: Você pode ser um profissional dedicado mesmo se não ficar até tarde no escritório! Atente-se a realizar as suas tarefas dentro do horário comercial e não se sinta culpado em ir para casa na hora certa.
Gerenciar: Para melhorar a sua performance no dia a dia, alguns métodos de gerenciamento de tempo podem ajudar e muito! Invista em técnicas e aplicativos que promovem uma concentração maior na hora de realizar suas tarefas.
Desconectar: O trabalho precisa ficar no trabalho, por isso, evite checar e-mails e mensagens durante a noite ou fora do horário de trabalho. Abra pequenas exceções para emergências ou pendências de última hora.
4 fatores que explicam a importância do descanso para uma melhora na qualidade de vida:
- A execução contínua de tarefas compromete a saúde dos trabalhadores, podendo até mesmo causar doenças como a lesão por esforço repetitivo e diversas outras.
- Falta de descanso pode gerar irritabilidade, estresse, falta de foco, dificuldade de concentração e dores de cabeça, tornando a jornada de trabalho menos produtiva.
- Pausas ao longo do expediente são fundamentais para que seu corpo e mente reencontrem o equilíbrio e continuem funcionando corretamente.
- Uma boa noite de sono é indispensável! O indicado é dormir pelo menos 6 a 8 horas por noite, já que é durante o sono que o corpo realiza sua manutenção térmica e hormonal.
Como citado acima, encontrar formas de relaxar e se desligar do trabalho é essencial para manter a saúde física e mental em dia. Mas, para quem está acostumado a pensar em trabalho 24 horas por dia e sete dias da semana, desacelerar pode não ser tão simples assim.
O ideal é começar aos poucos, busque fazer o que te interessa e traz conforto. Pode ser passear com o cachorro depois do jantar, ler um livro, jogar com as crianças ou assistir um filme antes de ir para a cama.
Trabalhos manuais como pintura, artesanato e bordado são excelentes formas de relaxar e encontrar distração. Uma atividade bacana para fazer com os amigos é montar um clube do livro. Escolham os títulos e marquem para discutir em um jantar ou por vídeo chamada.
Se você é do time que gosta de se movimentar, os esportes são uma ótima opção! Busque um exercício do seu agrado, para fazer sozinho ou em grupo, e o inclua na sua rotina, mesmo que poucas vezes durante a semana. Pode ser uma aula de dança, jogar tênis, correr ou praticar surfe.
A meditação é ideal para mentes e rotinas aceleradas, pois oferece momentos de relaxamento e também autoconhecimento. Ah, não se preocupe se não funcionar no começo, se feita com frequência, a prática melhora cada vez mais.
Outra forma de relaxar e se conectar com as pessoas que você ama é fazendo planos. Procure programar o seu tempo livre, compre ingressos para museus, agende viagens, marque jantares com a família, visite seus amigos. Curtir ao lado de pessoas queridas também é uma maneira de se desprender do estresse do dia a dia, mesmo que pareça que a sua agenda está cheia de compromissos!
Gerenciamento de tempo: já ouviu falar?
Desenvolvido pelo italiano Francesco Cirillo, o método Pomodoro é uma técnica de gerenciamento de tempo criada para melhorar a agilidade do cérebro, evitar a procrastinação e estimular o foco. Diferente de outros métodos mais elaborados, o Pomodoro necessita de duas ferramentas simples: um timer para marcar o tempo e uma lista de tarefas.
A técnica ganhou esse nome por que o criador utilizou um timer de cozinha, no formato de tomate, para marcar os blocos de tarefas. Mas, é claro, o timer do celular faz o mesmo trabalho!
O método consiste na criação de uma lista de tarefas a serem feitas durante o dia, como checar e-mails e revisar um texto. Depois, com as tarefas em mãos, são marcados os blocos de 25 minutos de foco total para executá-las e os descansos de 5 minutos entre cada bloco. Além disso, após 4 blocos de foco, você pode tirar um descanso maior, de 15 ou 30 minutos. Também pode ocorrer de uma mesma tarefa levar mais de um bloco para ser concluída, mas não tem problema, o importante é seguir com o tempo e os intervalos até que a tarefa esteja feita.
O ideal é que cada tarefa seja executada com o máximo de foco possível e o mínimo de distrações e interrupções. Ou seja, nada de checar notificações do Instagram ou Facebook durante os 25 minutos do bloco, aproveite as pausas para isso.
As regras são simples, e com o tempo é possível desenvolver um método próprio, descobrindo quanto tempo é ideal para realizar cada tarefa. Outra dica importante é: utilize as pausas para sair da mesa de trabalho. Levante, caminhe um pouco e faça um alongamento, esse momento serve para oxigenar o cérebro e se reequilibrar para voltar ao trabalho.