A comunicação eficaz é uma competência muito requerida atualmente no mercado de trabalho, ainda que o homem tenha começado a falar cerca de 60 mil anos a.C. (DUARTE, 2003)
Estamos vivendo na era da economia compartilhada que nos condiciona a viver em redes, ou seja, a tecer interrelações. O conceito desta prática está no sentido de comunidade. A tecnologia nos proporciona esta conectividade onde pessoas distintas e desconhecidas passam a se relacionar redefinindo os modelos de consumo (PELLEGRINO, 2019). O Brasil, dentre os países da América Latina, lidera o ranking nesta prática e estima-se que cerca de 30% do PIB nacional venha da prestação de serviços de forma colaborativa.
O avanço da Inteligência Artificial (IA), descrita aqui como a capacidade de dispositivos eletrônicos funcionarem de uma maneira que lembre o pensamento humano tomando decisões e resolvendo problemas (FIA, 2018), aumentará cada vez mais a relação homem-máquina. Estaremos “alimentando” estas máquinas com informações para a operacionalização e tendo mais tempo para o desenvolvimento das habilidades humanas e para o ócio ‘criativo’.
Somado a isso, há a tendência da Gig Economy ou “economia freelancer” onde, segundo Câmara (2018), trabalhadores temporários e sem vínculos empregatícios serão cada vez mais contratados para realizar tarefas pontuais. Atualmente, os freelancers representam 36% da força de trabalho dos Estados Unidos e devem ultrapassar a marca dos trabalhos tradicionais até 2027.
Sendo assim, os três exemplos citados acima requerem pessoas com habilidade na comunicação. As tendências nos mostram que iremos nos relacionar mais e, consequentemente, nos comunicar mais, principalmente se tivermos que nos “vender” mais como exige a era da Gig Economy.
Para corroborar com as informações acima, o Panorama do Treinamento do Brasil (ABTD, 2020) mostra que dentre os principais conteúdos que farão parte dos treinamentos corporativos está a comunicação – sendo a mais requisitada na indústria – ficando em segundo lugar para o setor de serviços e em terceiro lugar no comércio e administração pública. Importante salientar que temas como vendas, atendimento ao cliente e trabalho em equipe também foram ranqueados e todos, sem exceção, envolvem a competência comunicação.
E o que faz a comunicação ser uma competência tão evidenciada atualmente?
Penso que se justifica pelo motivo da comunicação falar muito de quem nós somos! Quando pensamos em comunicação, pensamos em interação, como disse Amy Cuddy no Ted Talks denominado “A linguagem corporal molda quem você é” (2014). Em tempo de sociabilização, mostramos quem somos e percebemos os que nos cercam sem que, necessariamente, nossa ‘boca’ seja aberta. A isso chamamos de comunicação não-verbal. Ela é fortemente evidente nas expressões faciais, bem como no tom de voz e na postura corporal.
Nosso posicionamento social se dá pela comunicação. Considera-se, inclusive, que o julgamento que tecemos sobre alguém assim que o conhecemos é fruto de uma aparelhagem cerebral desenvolvida durante o nosso processo evolutivo para nos proteger e facilitar a tomada de decisão (GARCIA, 2013).
Posturas denotam poder e, mesmo quando sentimos nossa autoestima abalada, podemos alterar este estado emocional dependendo da postura corporal que adotamos. Nossas mentes mudam os corpos e nossos corpos mudam as mentes.
Comunicação é conexão. Através do sorriso, da empatia e do olhar direcionado nos comunicamos de forma assertiva, facilitando a captação da mensagem entre emissor e receptor. Nosso cérebro é preparado para isso, pois através do giro fusiforme – área específica do cérebro que, quando ativada, permite o julgamento sobre o que vemos – tecemos as relações sociais que se darão a seguir (GARCIA, 2013).
E a comunicação verbal? Ela também tem o seu peso. A eloquência, ao falar, é capaz de persuadir o outro ainda mais quando somada à uma comunicação não-verbal eficaz. Comunicação não é intenção, é resultado.
Será, que de fato, a comunicação é a sua principal competência? Se você ainda tiver dúvidas, pergunte a um professor ou a um líder. Garanto que, sem esta capacidade, nossa relação com o ambiente seria muito diferente.
Texto produzido por Lara Mattos
Foto: Fabrício Farias (@fosgrafefotografia)
REFERÊNCIAS
CÂMARA, Isabella. A gig economy veio para ficar e destruir o mercado de trabalho como você conhece. 2018. Disponível em: https://www.startse.com/noticia/empreendedores/economia-gig. Acesso em: 30 maio 2018.
DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos: língua portuguesa. 3. ed. São Paulo: Panda Books, 2003. 423 p.
FIA (org.). Inteligência Artificial: o que é, como funciona e exemplos. o que é, como funciona e exemplos. 2018. Disponível em: https://fia.com.br/blog/inteligencia-artificial/. Acesso em: 17 ago. 2018.
GARCIA, Luis Fernando. O cérebro de alta performance. São Paulo: Gente, 2013. 211 p.
INTEGRAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS (Brasil). Abtd (org.). Panorama do Treinamento do Brasil: São Paulo: Integração Escola de Negócios, 2020. 14 p.
PELLEGRINO, Anderson. O que é economia compartilhada? 2019. Disponível em: https://www.ibe.edu.br/o-que-e-economia-compartilhada/. Acesso em: 16 jul. 2019.